A poderosa energia da Kundalini

Mensagem de 7 de Novembro de 2021

As pessoas com frequência ouvem falar da Kundalini. Veem imagens dela em manuais, livros, etc. Geralmente, associam a Kundalini com ioga, mas essa associação é bastante superficial. Em um artigo anterior intitulado “Kundalini Ioga”, expliquei um pouco mais profundamente o que a verdadeira Kundalini Ioga aborda e por que a maioria das pessoas não deve tentar despertar a Kundalini sem o devido trabalho interno e orientação.

A palavra Kundalini se refere a uma força particular e poderosa, que é normalmente representada como uma serpente enrolada. Muitas pessoas confundem a simbologia da serpente com algo maligno e prejudicial; isso não poderia estar mais longe da verdade. A serpente na simbologia foi usada por culturas antigas e até mesmo por algumas culturas modernas que entendem seu verdadeiro significado. Eles a usam para representar sabedoria, conhecimento, altos níveis de espiritualidade; forças poderosas que carregamos dentro de nós, mas que precisam ser despertadas com cuidado, pois a Kundalini pode curar ou destruir você.

Por que a serpente foi usada para representar esse poder? Deixe-me dar um exemplo mundano: quando uma cobra desperta, ela se desenrola e se levanta com uma forte explosão de energia. Pelo fato de a energia da Kundalini ser muito poderosa, ainda que indetectável quando em seu estado latente, e “Kundalini” ser um adjetivo em sânscrito que significa “circular”, é muito lógica a razão pela qual a associação entre a serpente enrolada e a energia sagrada se deu.

A energia da Kundalini é tão poderosa porque é uma energia primordial, ela não foi criada; ela sempre existiu. Dentro do Tantra e da real ioga, existe a crença em realidades subjacentes, nas quais pode-se intuir ou sentir quando alguém deseja se conectar primeiro com seu centro.

Essas realidades subjacentes são parte da unidade básica primordial, que é constituída de dois princípios: o princípio masculino, ou Shiva, e o princípio feminino, ou Shakti. Como se vê, não há a negação de uma ou outra força; pois a criação não pode ocorrer se não houver uma sintonia entre ambas. Uma dança sagrada, na qual ambas as forças são reconhecidas como poderosas.

Shiva contém os elementos universais e a expressão da consciência universal. Shakti é o princípio feminino dinâmico ou o poderoso princípio da ação. Quando Shiva se reúne a Shakit, a vida é criada – uma fusão dos princípios primordiais que têm um efeito criativo e gerador. Por se tratar de uma sintonia entre as forças feminina e masculina, é considerada energia sexual em sua forma mais pura.

Uma vez que somos parte da criação, somos parte desta energia; essa energia de criação é chamada Kundalini. A Kundalini em seu estado natural é latente, o que significa que está adormecida; ela não pertence ao nosso corpo físico, mas ao nosso corpo/energia etérico, energético ou sutil. Esse corpo etérico tem muitos canais ou caminhos que nos percorrem por inteiro, por meio dos quais a energia Kundalini pode se movimentar.

Há milhares de canais, mas três deles são os principais: o nadi central, ou Shushumna, o nadi esquerdo, ou Ida, e o nadi direito, ou Pingala; esses três nadis principais percorrem desde a base da espinha até a cabeça.

O nadi direito, ou Pingala, é associado ao princípio masculino e ao Sol. O nadi esquerdo, ou Ida, é associado ao princípio feminino e à Lua. Ambos são a base do sistema energético, mas não têm nada a ver com Biologia, mas sim com qualidades e quantidades; todos nós carregamos energias masculina e feminina dentro, e elas se expressam em proporções diferentes dentro de pessoas distintas.

O Shushumna ou nadi central é o eixo e é independente dos outros nadis. Todos os nadis fluem através dos chacras e o fazem de formas específicas.

HÁ SETE CHACRAS CONSIDERADOS OS PRINCIPAIS:

  • Muladhara, que é o chacra básico, responsável pelo seu senso de segurança e estabilidade e localizado na base da coluna.
  • Svadhisthana, que é o chacra sacral, responsável por sua sexualidade, seu prazer e sua criatividade.
  • Manipura, que é o chacra plexo solar, responsável por sua autoestima e confiança.
  • Anahata, que é o chacra cardíaco, responsável pelo amor e pela compaixão.
  • Vishuaddha, que é o chacra laríngeo, responsável pela comunicação.
  • Ajna, que é o chacra do terceiro olho, responsável pela intuição e imaginação.
  • Sahastrara, que é o chacra coronário, responsável pela consciência e inteligência.

A Kundalini reside no chacra básico, mas quando desperta, ela ascende através dos principais chacras até alcançar o chacra Ajna ou Terceiro Olho. Esse terceiro olho é onde repousa a consciência individual e é através dele que uma ponte com a consciência cósmica pode ser estabelecida.

Quando a Kundalini começa a ascender através do nadi central em direção ao terceiro olho, ela abre os outros chacras; em outras palavras, ela ativa centros energéticos, o que significa que uma elevação da consciência começa a acontecer. Assim, quando a Kundalini atingir o terceiro olho, ela já terá impactado nosso campo energético, ou sistema nervoso, expandido nossos sentidos e ativado partes de nossa psique que estavam adormecidas – ela afeta nossos planos físico, energético, espiritual e mental.

O processo de despertar com a consciência cósmica ocorre entre o terceiro olho e o chacra coronário. Despertar a Kundalini não é uma tarefa fácil e nem deve ser encarada com leveza. Isso não acontece por meio de repetições sutis nem através apenas da meditação. Para despertar todas as serpentes da Kundalini, é necessário tempo, constância e prática – leva anos para despertar cada serpente.

O despertar da Kundalini não é recomendado para quem não deseja se confrontar e dançar com suas sombras, pois ainda que essa energia seja muito benéfica ao self, ela destruirá os que não estiverem prontos. Ela pode perturbar seriamente qualquer um que não esteja pronto para despertar; pois há diferença entre dançar com a sua loucura ou gênio interior e se tornar mentalmente doente e perder-se em um mundo incoerente.

A Kundalini não responde à rigidez e muito menos ao abuso de si mesmo. Por isso, trabalhar com sua sombra, procurando equilíbrio entre a luz e a sombra e compreendendo (não apenas em um nível lógico) que cada uma tem seu valor e que uma não pode existir sem a outra, é imperativo.

Há muitas formas de despertar a Kundalini: mudras, mandalas, ioga, meditação, técnicas de respiração, cantos, Tantra, geometria sagrada. Por que tantos caminhos? Porque não existe aquele um caminho que leve à iluminação.

A verdade vos libertará”, o que, para a Kundalini, significa que a verdade dentro de você irá te libertar e que a verdade foi revelada pela consciência cósmica por meio de suas muitas expressões – em outras palavras, cada caminho esconde uma peça do quebra-cabeça e você é a pedra filosofal; a escolha de trabalhar ou não em si mesmo é sua.

Sofia Falcone — Fonte: https://eraoflight.com/
Adriana D. R. T. Olívėra e Marco Iorio Júnior — Tradutora e Editor exclusivos do Trabalhadores da Luz