Como nossas crianças seguirão o caminho da Luz?

Mensagem de 12 de setembro 2014

Pergunta: Amado Mestre, como fazer para que nossas crianças cresçam naturalmente saudáveis? Dê-nos orientação sobre como conduzi-las no caminho da luz.

Prem Baba: Este é um tema complexo, muito profundo que requer tempo para que possamos destrinchá-lo. Podemos fazer isso aos poucos. De tempos em tempos, eu volto ao assunto e vou acrescentando elementos a esta reflexão. Mas podemos iniciar esse ciclo de estudos através do primeiro valor que tenho sugerido como sendo o mais urgente e necessário nesse momento desta jornada evolutiva, que é a honestidade. A honestidade tem como valores adjacentes a verdade, a integridade e a ética. Honestidade é o valor mais clemente neste momento, porque podemos dizer, de forma sintética, que a grande ilusão cósmica que cobre a nossa percepção é a mentira. São camadas de mentiras na forma do autoengano que se traduz também como esquecimento; esquecimento da verdade de quem somos.

No núcleo da mentira está a ideia da vítima. A primeira camada de ilusão faz com que a entidade se sinta um ‘eu’ separado, isolado, portanto, o primeiro véu de ilusão produz a ideia de ‘eu’ e de ‘meu’. Daí nasce a carência e todos os desdobramentos que advém dessa ideia de um ‘eu’ separado, isolado e vítima. E talvez possamos dizer que o principal produto da ideia de vítima seja a ingratidão. Da ingratidão vêm os pactos de vingança e os jogos de acusações. Os desdobramentos são infinitos, são legiões de ‘eus’ psicológicos que são desenvolvidos, com os quais vamos nos identificando de tempos em tempos.

Embora o ego seja reencarnante, todo o drama é reeditado na primeira infância, na relação com os pais. Primeiro na relação com a mãe, que abriga a criança no ventre, e ainda depois, por um certo período, através da amamentação. E, aos poucos, a criança começa a sentir também a presença do pai, embora ele esteja presente desde o primeiro momento da fecundação, mas é uma presença que fica de fundo. Na frente está a presença da mãe. Essa mãe para a criança representa o mundo. Ela começa a experimentar o mundo através desse contato com a mãe e, especialmente, através da amamentação, quando ela tem contato com a bondade, misericórdia e amor infinito. Ela também tem contato com a miséria humana, o egoísmo, o ódio, a ignorância.

A criança aprende através do exemplo. Seria tremendamente benigno para a evolução da consciência humana nesse planeta se a mãe tivesse sido realmente preparada para a maternidade e, obviamente, que o pai tivesse sido preparado para exercer a paternidade. Seria tremendamente benéfico se os pais estivessem conscientes do significado de trazer uma criança ao mundo. A concepção deveria começar lá atrás quando o casal está se preparando para trazer a criança ao mundo. Mais benéfico ainda se os pais estivessem maduros o suficiente para ter o que dar para a criança, e dar, especialmente, respeito, confiança, para minimizar os impactos da formação do ego que é inerente a esse plano e a do principal núcleo que estrutura o ego da criança, que é o círculo vicioso do amor imaturo. A criança chega com a necessidade de amor exclusivo até que ela possa se fortalecer e caminhar com as próprias pernas. Amadurecer e desenvolver uma autêntica autossuficiência que se manifesta quando podemos compartilhar os nossos tesouros, os tesouros que trouxemos para compartilhar.

Isso é possível quando podemos agradecer o ar que nos permite respirar. E como isso está relacionando com a mãe? Em um primeiro momento, temos a mãe como a Mãe Natureza, como alimento, como abrigo, a roupa que nos aquece. Até mesmo o corpo, que é o nosso veículo, é uma manifestação da Mãe. As capas que encobrem purusha é prakriti. São manifestações da Mãe. A combinação dos elementos terra, fogo, água, ar, éter é o que chamamos de matéria. O aspecto da Mãe que nos dá o sustento, que nos dá o que necessitamos para viver a experiência na Terra, nós chamamos de Mahalakshmi. O ego imaturo não confia que a mãe vai suprir suas necessidades. Isso começa lá atrás, quando o leite é carregado de maldade, carregado de desamor, de desrespeito. Mesmo que isso se manifeste de uma forma inconsciente.

Isso vai acordando memórias de vidas passadas onde a entidade sofreu privação; onde sofreu as amarguras do desamor, e aí, a cadeia de ignorância é acionada. Então, até que a criança possa crescer, se tornar um adulto e ter o intelecto desenvolvido a ponto de procurar ajuda para poder compreender de onde vem a sua insegurança, de onde vem sua falta de fé na vida (porque está sempre atraindo situações difíceis), muita miséria já foi recriada e a rede do mau karma vai se expandindo. De alguma maneira, essa cadeia precisa ser interrompida. Independente de como essa criança foi concebida, eu tenho inspirado todos àqueles que estão comigo a olharem para as crianças como atma, o Espírito divino em desenvolvimento. Embora a criança seja um corpo em desenvolvimento, o atma que a habita é o mesmo atma universal, uma fagulha do parmatma, o Supremo inefável, o Absoluto. A alma é sábia e muitas vezes tem muito que nos ensinar. Ela já vem com um programa bem definido, um propósito bem definido; já vem com talento, com dom, com uma visão para este mundo e precisa de suporte, de amparo para que isso seja revelado e compartilhado.

Ao mesmo tempo, a criança precisa de limites e cuidados. Às vezes precisa de limites firmes, mas limites que precisam nascer de um coração amoroso, altruísta, que esteja realmente vendo a criança, nascendo do respeito por ela e não pela sua criança ferida. Precisa haver uma transparência na relação com a criança. É assim que nós vamos ensinando o primeiro valor, que é a honestidade. Através da transparência e do respeito; do exemplo. Tendo coragem de admitir suas imperfeições quando elas surgem, tentando evitar ao máximo repetir o círculo vicioso que acusa a criança; que faz ela se sentir errada, se sentir inferior; que vai engessando a criança na ideia da vítima, que por sua vez aciona a ingratidão, as vinganças, as acusações e todo o círculo vicioso do sadomasoquismo. Ensinar a auto responsabilidade sem cair no jogo de acusações é uma grande arte; sem fazer a pessoa se sentir culpada é uma grande arte.

Esse é o trabalho que eu estou fazendo com vocês aqui. Vocês são meus filhos e filhas espirituais. Às vezes eu preciso mostrar as suas imperfeições. Eu preciso fazer você olhar no espelho e encarar o seu pequeno ‘eu’, até que você possa se não mais se identificar dele e alcançar a verdade do Eu Maior. Mas esse processo é difícil, porque, muitas vezes, a pessoa sai da ignorância sobre o seu ‘eu’ Inferior e começa a creditar que é a pior das criaturas, se sente culpada e tem que lutar com a culpa – que é outro aspecto da natureza inferior, que entra pela porta dos fundos – até que a pessoa possa ir além desse véu e realmente experimentar a auto responsabilidade. O mesmo se dá com a relação com a criança quando você está ensinando sobre limites e auto responsabilidade. Com a mais sutil falta de cuidado você acaba ativando a culpa, especialmente quando ela traz imagens de vidas passadas.

Mas, de qualquer maneira, eu sinto que valores como honestidade e auto responsabilidade são os principais aspectos que precisam ser ensinados. Isso você ensina através de exemplo, de forma que a criança possa se tornar honesta e auto responsável, de forma que ela possa, desde cedo, confiar nela mesmo e, consequentemente, confiar na vida. A autoconfiança é base da realização. A autoconfiança só nasce quando você se liberta da ideia da vítima.

Você pode ajudar a preparar o campo para que a criança comece cedo a agradecer; para poder compartilhar os tesouros. Você está ajudando a conduzi-las no caminho da luz. Compartilhar os tesouros e agradecer a vida te coloca no caminho da luz. E o caminho da luz é infinito.

Esse trabalho psico espiritual de cura e transformação é só a base. Por mais fundamental e importante que seja, não é ainda a parte mais importante. Um prédio tem que ter fundação. É importante a fundação. Se não tem fundação, você não pode construir paredes, mas se só tem a fundação e não têm paredes, você não tem uma casa para morar. Quando você chega nesse estágio de poder se harmonizar com a sua constelação familiar e poder agradecer, você completa um ciclo; termina a fundação da casa. Chamamos de iniciações menores. São nove iniciações menores. Aí, depois, começam as iniciações maiores, que é aprender a navegar no mistério, lidar com o poder espiritual. E enquanto você está construindo as fundações, você tem notícias do quem vem lá na frente, mas só notícias. Quando a fundação está pronta, você começa a levantar as paredes e vê que é infinito, mas a base é constituída do compartilhar e do agradecimento. Isso é básico e o que faz de você humano; antes disso não podemos dizer que somos humanos. Costumamos dizer que somos entidades humanas em evolução. Humano manifesta valores humanos. E só o humano pode se tornar Divino. É o processo natural de evolução.

Eu sei que só de abrir esta página do livro da vida eu já te coloco em uma situação desafiadora. Especialmente se você é mãe ou pai. Até que você possa realmente acordar a auto responsabilidade, às vezes tem que lidar com culpa e muitas situações internas difíceis, especialmente com confusão. “Como eu faço?” Alguns chegam até a pensar porque inventaram ser mãe ou pai numa hora destas. Eu digo: respira fundo, muita calma nesta hora! Devagar você vai recebendo suporte e instruções para saber como agir, mas eu tenho o dever de lhe falar a verdade. É um desafio mesmo, porque a ignorância procria ignorância. A gente tem que romper este ciclo de repetições negativas. Temos esta responsabilidade nas mãos. Temos o dever de interromper este ciclo de repetições negativas.

Você que está ouvindo o chamado dos santos e conseguindo chegar até aqui para receber o darshan, você tem um papel dentro do Parivarthan, a grande transição planetária. Você tem um dever; e até onde pode, você tem que interromper esse jogo de repetições negativas. E começa a fazer isso quando se move em direção ao conhecimento de si mesmo. O autoconhecimento possibilita compreensão; compreensão evoca o perdão e o perdão evoca o compartilhar e a gratidão. Aí você pode ascender para os Reinos Superiores.

Há pouco tempo eu dei uma entrevista para o Swami Guiridary, do Templo de Krishna e a última pergunta foi: “Como seria uma mensagem simples, direta, que você daria para quem está no caminho em busca da autorrealização?” Eu disse: “Persiga a gratidão”. Se você não pode ser grato pelo ar que você respira, trate de compreender a sua ingratidão, porque a ingratidão fecha o coração e te mantem identificado com a vida, com o jogo de acusações e todas as misérias da natureza inferior. O mais prático: persiga a gratidão. E quando ela se manifesta, você sente alegria. Aí você sobe.

Seguimos também com o trabalho de cura com os ancestrais: O Swami Tripathi está conduzindo o Bagavathan todos os dias às 15h, neste período de lua cheia, até o dia 24. Será um período para curar a relação com os ancestrais e poder enviar luz para os ancestrais, enviar ondas de amor para os ancestrais, porque é o amor que liberta. O ciclo de orações está sendo bem poderoso.

Abençoado seja cada um de vocês. Que possamos cada vez mais compartilhar e agradecer.

Até o nosso próximo encontro.

Namaste.

Fonte: http://www.sriprembaba.org