Como se comportar com relacionamentos “que não duram para sempre”

Mensagem de Abril de 2021  

“Às vezes é preciso relacionamentos que não duram para sempre para nos ensinar as lições que duram.”Autor Desconhecido

Recentemente tive que deixar ir uma amizade que eu tinha há quase oito anos.

Nos primeiros anos em que nos conhecemos, tivemos uma atração magnética. Cada vez que combinávamos de nos encontrar, era como se o tempo parasse. Nós conversávamos e compartilhávamos tanto sobre cada uma que às vezes 5 horas se passavam como se fossem minutos. Nós enviámos mensagens de texto, longos e-mails e nos encontrávamos para um café quando nossas vidas não estavam tão agitadas. Eu esperava por nossas trocas porque eu sempre me sentia para cima quando ia embora. Eu saía com um sentimento de um novo crescimento interno e tenho certeza que ela sentia a mesma coisa.

Quando nossa amizade terminou, eu precisei olhar fundo em como foi que nos ligamos. Como nos tornamos amigas era vital, porque eu percebi que as pessoas formam laços sobre certos aspectos de suas vidas. Aquelas pessoas ao redor das quais gravitamos também são um reflexo de nós mesmos. Geralmente temos hábitos semelhantes, padrões e interesses. Não nos sentiríamos atraídos um pelo outro se não houvesse semelhanças.

Eu conheci esta amiga em particular numa comunidade de cura. Eu estava na escola de massagem e estava procurando por pessoas interessadas em serem voluntárias em meu estudo de caso por 6 semanas. Eu a inscrevi e a encontrei nas sessões semanais.

Nós nos ligamos sobre o desejo de curar os outros – tanto no nível externo, compartilhando que tipo de dietas de limpeza estávamos experimentando, como a nível interno, compartilhando curadores mútuos e professores espirituais.

Conforme ambas progredíamos pessoal e espiritualmente, nós encorajávamos uma à outra ao longo do caminho.

Os anos passaram e eu comecei a perceber que estava se tornando menos frequente para nos encontramos pessoalmente. Nos tornamos mais um tipo de apoio uma à outra através somente de mensagens. Até os emails pararam. Nós morávamos a vinte minutos de distância, porém era difícil encontrar tempo para nos vermos e quando o fazíamos, geralmente era porque eu convidava.

Eu logo percebi mais e mais distância entre nós, especialmente quando entrei num espaço de profunda cura interna. Quanto mais trabalho interno eu fazia, mais claramente eu podia ver os aspectos dos atuais relacionamentos em minha vida. As pessoas começaram a desaparecer.

Eu descobri que conforme eu encontrava minha força interna e a habilidade de ser verdadeira comigo mesma, as pessoas com as quais eu tinha relacionamentos codependentes não estavam mais interessadas no que eu tinha a oferecer.

Meus dons criativos estavam se abrindo e eu os estava compartilhando. Eu encontrei essa amiga específica incapaz de oferecer ajuda para minhas recém-descobertas aventuras e ela compartilhou observações críticas sobre o que eu estava fazendo. Ela elogiava a si mesma, comparando o que ela tinha feito com o que eu estava atualmente fazendo.

Este comportamento dela foi o último sinal de perigo que eu precisava. Eu tinha visto o suficiente durante o último ano e meio, então nós simplesmente paramos de nos comunicar. Eu acredito que ela podia sentir a quebra de nossa conexão também. Nós simplesmente não tínhamos mais nada em comum.  

Esta experiência me levou a pensar porque esses términos acontecem. Eu queria explorar mais profundamente o significado de como as pessoas se unem e como elas se separam.

Eu posso garantir que se você é humano, já sofreu esses tipos de rupturas. Elas podem ser tristes e dolorosas, especialmente se tentamos nos agarrar a elas. No meu caso, eu estava completamente pronta para liberar a amizade. Eu percebi a mensagem bem cedo. Muito provavelmente, nós poderíamos ter terminado isso antes.   

Como nos relacionamos

Quando criamos amizades ou relacionamentos amorosos, tipicamente criamos laços sobre aspectos específicos de nós mesmos ou nossas vidas. Às vezes estes laços não são formados a partir de um espaço saudável, porém às vezes ele são.

Quando sentimos uma atração magnética por outra pessoa, essa troca de energia nos faz querer estar na sua presença cada vez mais. E quanto mais tempo passamos juntos, mais vemos semelhanças em nossas vidas e nossas personalidades. Nos tornamos verdadeiramente um reflexo um do outro, tanto nos traços positivos quanto negativos.

Geralmente, nesta grande carga magnética entre duas pessoas, aprendemos lições uma com a outra que nos ajudam a crescer. Alguns dizem que esta atração entre duas pessoas está lá porque fizemos contratos de alma. Às vezes esses contratos são curtos e outras vezes, eles podem durar uma vida. Olhando isso a partir dessa perspectiva pode ajudar a aliviar a dor se um relacionamento ou amizade chegar a fim.

Quando o relacionamento acaba

Este último ano, eu me vi no término de dois contratos de alma. Um, com minha amiga que mencionei e o outro, com um namorado, agora ex. O profundo trabalho interno que escolhi fazer é o que levou ambos relacionamentos terminarem.

Eu tive que olhar como refletimos um ao outro e olhar ao que nos ligou.

No caso do meu namorado, nós nos ligamos sobre a dor de ambos estarmos divorciados. Nos ligamos sobre as formas como ambos nos sentíamos sem suporte e não ouvidos pelos nossos companheiros. Mas também nos ligamos sobre muitos traços de personalidade semelhantes. Nós éramos relexos completos um do outro. Nós espelhávamos nossas vontades e necessidades de cuidar de um parceiro, nosso comportamento codependente e nossos padrões de manipulação profundamente enraizados.

Quando eu finalmente decidi que precisava mudar minha vida, isso não serviu para ele. Eu estava pronta para deixar ir toda a disfunção com a qual eu tinha vivido e ele não estava. Eu percebi que nos ligamos sobre uma disfunção extrema.

No caso de minha amiga, nós nos ligamos sobre crescimento pessoal e espiritual. Era um laço normal, saudável. Mas em retrospecto, eu posso ver traços de personalidade que espelhávamos uma na outra. Ambas tínhamos problemas em falar e em encontrar nossa voz. Ambas tínhamos desconfiança em compartilhar a nós mesmas e nossos dons com o mundo. Ambas tínhamos uma necessidade sólida de sermos validadas pelos outros.

Durante o meu intenso ano de crescimento interno, eu começei a compartilhar meus dons criativos com outros. Ao fazer isso, eu descobri que era capaz de ajudar os outros da mesma forma. Eu não precisava mais de validação e eu não comparava mais o que estava fazendo com o que os outros estavam fazendo. Eu comemorava outras pessoas tendo a coragem de compartilharem a si mesmas com o mundo, porque eu estava fazendo o mesmo. O medo que esteve lá uma vez, desapareceu completamente.

Devido a ela ainda não ter atingido esse lugar por si mesma, ela foi incapaz de me ajudar. Não éramos mais espelhos uma da outra. Não nos ligávamos mais sobre nossa incapacidade de falar nossa Verdade.

Deixando ir

Ao atingir um lugar de aceitação e paz sobre a perda dessas duas pessoas, eu tive que ver e sentir as lições que elas me ensinaram. Elas me mostraram aspectos de mim mesma durante muito, muito tempo. E vendo isso, eu fui capaz de encontrar dentro de mim porque eu carreguei isso e como isso me serviu. Uma vez que eu vi os padrões pelo que eles eram, eu os deixei ir.

Uma vez que os padrões se foram, as conexões que eu tinha com essas duas pessoas começou a desmoronar. Não sobrou muito. As fortes atrações e as trocas de energia terminaram.

Dizer que sou grata por essas duas almas é um eufemismo. Elas foram ambas profundos professores para mim. Eu amei ambas e acredito de coração que fizemos contratos de alma. E continuo a amar e honrar essas pessoas, mas à distância. Eu não preciso mais carregar o peso destes laços e há uma imensa liberdade nisso.

Como você pode seguir em frente

Se você se encontrar preso num lugar de não deixar ir alguém, ou se estiver se apegando à raiva, dor e tristeza sobre o final de um relacionamento, eu o encorajo a tentar o seguinte.

  1. Escreve e reflita sobre o que uniu vocês em primeiro lugar. Não pule este passo. Você verá tanto que aquilo sobre o qual vocês se ligaram não está mais servindo a você, ou que não estava mais servindo à outra pessoa.
  2. Escreva e reflita sobre os padrões de comportamento semelhantes e traços de personalidade que você tinha em comum com essa pessoa. Liste tanto o bom quanto o ruim, não importa o quão doloroso seja. Seja honesto consigo mesmo. Ao fazer isso, novamente, você verá que esses padrões não estão mais servindo a você ou à outra pessoa.
  3. Escreve e reflita sobre o que essa pessoa te mostrou e te ensinou. Mesmo que tenha sido uma experiência dolorosa, como isso te ajudou a crescer? O que você foi capaz de levar que lhe deu uma nova perspectiva ou sentido à sua vida?

Como diz Ram Dass, “Estamos todos apenas levando um ao outro para casa.” As palavras dele se reproduzem em nossas vidas diárias e conexões humanas. Quanto menos nos apegarmos aos términos, mais espaço criamos para novas possibilidades.

Raquel Bravo — Fonte: http:// https://tinybuddha.com/
Roseli Giusti Zahm e Marco Iorio Júnior — Tradutora e Editor exclusivos do Trabalhadores da Luz