Não tentem estar no “não-desejo”

Mensagem canalizada no mês de junho 2014 – Mestres Ascensos

«Vamos tentar fazer-vos compreender a diferença entre o desejo e o não-desejo.

Gostaríamos que compreendessem, pois há dificuldade, devido a uma frequente incompreensão das palavras, ao uso errado das palavras.

Cada Ser humano, como sabem, vem experimentar a vida com um programa bem determinado. O desejo faz parte desse programa. No entanto, o Ser humano sente esse desejo de Luz que o leva para a frente e um desejo contrário que o empurra ainda mais para a densidade. Desejo ou aspiração são para nós relativamente semelhantes.

Um Ser que veio com uma programação muito específica, que é uma alma jovem ainda sem a abertura de espírito que o leva ao caminho, ficará atulhado com desejos de todo o tipo (e a palavra atulhado é real). Um desejo afastará outro continuamente, nunca ficará satisfeito. Esse Ser nem terá consciência do que pode ser o não-desejo.

A segunda possibilidade pode aplicar-se a cada um daqueles que já caminharam. Muitos de vocês são almas velhas que experimentaram muito o desejo todo-poderoso, aquele que vos sufocou em algumas existências, depois, pouco a pouco, compreenderam que não era esse desejo que vos interessava. Depois, o vosso desejo colocou-se muito mais alto.

O Ser que caminha na matéria não pode ficar sem desejos.

Quando começam a abrir-se à Luz e ao Amor, o vosso desejo é sempre tão poderoso como o desejo que tem o Ser que não se encontra no caminho espiritual, só que o vosso é um desejo de beleza, de progressão e abertura, um desejo de Amor e de serviço, e vocês têm uma força, um desejo forte de avançar para a Luz, para o imenso Amor que anima o vosso coração. É de certa forma uma força semelhante, exceto que esta está orientada para a Luz, para a progressão.

Como cada um de vocês, o neófito que também caminha, tem desejos humanos. Um dos seus desejos é o de fazer bem o seu trabalho no dia a dia, de levar bem a sua vida, seja no plano material, espiritual, familiar afetivo ou de relacionamento. Isto é uma outra faceta do desejo. Voltaremos a estes aspectos múltiplos.

Agora, vamos falar-vos da terceira possibilidade. Alguns Seres escolheram uma encarnação sem experimentação particular para se dedicarem quase exclusivamente à busca espiritual. Esses Seres não têm nenhum constrangimento, nenhuma família a cargo, nenhum trabalho específico; encontram-se nos mosteiros, nos conventos, são religiosos ou Seres com uma filosofia totalmente orientada para a perfeição. Eles devem combater esse famoso desejo muito mais que os Seres que caminham como todos vocês, pois estão continuamente frustrados no seu desejo inato de viver uma vida normal e de serem reconhecidos. Mil e um desejos os atacam em permanência, mas eles escolheram, na sua programação, se despojar de qualquer desejo, estar em permanência no mais absoluto desapego da vida, estar em permanência na oração, estar em permanência religados, e isto é-lhes muito mais penoso que a qualquer um. Eles têm um desejo absoluto que não podem realizar ou que realizam parcialmente pois a sua personalidade humana está continuamente frustrada. Têm consciência que também devem ter em conta do fato que estão fechados na matéria pela personalidade que a conduz.

Alguns Seres fora do comum que programaram e consagraram a sua vida à oração, à elevação espiritual, ao desapego e ao não-desejo conseguem-no. Estes são de fato Seres realizados, Seres que não precisam mais de provar ou experimentar. O desejo neles não tem mais razão de ser e a sua vida está orientada de forma completamente diferente, está centrada em tudo o que podem projetar nos seus irmãos. Existem sem existir, têm uma vida orientada essencialmente para a entrega, para a Luz, porque as portas da consciência humana e da consciência espiritual estão muito abertas. Esses Seres podem ser grandes instrutores para o vosso mundo, mas o desejo manifesta-se assim que entram neste mundo, ou mesmo desde que ensinam. É por isso que muitas vezes os grandes mestres, os grandes Seres realizados vivem no exterior do mundo, criando para este um importante trabalho no plano oculto.

Cada um de vocês deve viver com o que é e como é. Não devem ter o desejo do não-desejo, porque nesse caso privam-se das experiências da vida. Imaginem um pintor cujo desejo mais forte é realizar um magnífico quadro. Colocará aí toda a sua energia, toda a sua intuição. Esse desejo de criar a beleza encontrar-se-á no mais fundo dele mesmo, e estimulá-lo em permanência. Será igual com um músico, será igual com qualquer artista, com qualquer Ser que procura a perfeição no trabalho que cumpre. Assim, se privarem esses Seres do desejo, tornam-nos Seres aleijados, cortados da vida, separados deles mesmo.

Para certas filosofias, o não-desejo diz respeito essencialmente aos Seres relativamente cortados do mundo que estão nos mosteiros ou que fazem uma busca pessoal. Isto não se dirige à missão que cada um de vocês tem neste mundo.

Gostaríamos muito de vos fazer compreender a diferença entre o desejo primário, o desejo ligado essencialmente à matéria, o desejo ligado aos baixos instintos, e o desejo que vos leva cada dia mais para graus mais altos. Quando compreenderem isto realmente, deixarão de fazer perguntas em relação ao desejo, saberão que também é o vosso motor. Permanentemente desejem o belo, desejem a Luz, desejem o Amor, desejem a vossa própria transformação, desejem a vossa ascensão para níveis de consciência superiores. Não é proibido desejar esse desejo que vos estimula e vos permite avançar cada dia mais. Mesmo que os vossos passos sejam pequenos, o desejo será sempre o incentivo que vos faz avançar.

Têm ou querem um complemento de informação em relação ao que enunciamos?»

Canal : Dito de outro modo, para estar no não-desejo é preciso ser praticamente um Ser realizado!

«É preciso ser realizado, não estar realmente na vida.»

Canal: Eles mostram-me uma imagem e falam-me de Zaratustra.

«Esse Ser viveu uma grande parte da sua vida numa gruta. Ele estava totalmente fora do desejo mas já não era mais totalmente humano. Ele compreendia no entanto que graças à sua natureza humana, que apesar disso ainda existia, ele podia ajudar muito os seus irmãos através da sua realização, do que tinha compreendido, integrado e realizado nele mesmo.

Foi assim com Buda. Buda não tinha mais desejos propriamente dito, mas no entanto ainda teve um desejo humano, o de transmitir toda a sua sabedoria, tudo o que tinha compreendido para que pudesse ser útil a todos os homens depois dele.

Por vezes, não compreendem bem o sentido das palavras, o sentido do que querem dar às palavras ou que certas filosofias dão às palavras e é isso que provoca alguns erros ou incompreensões. É importante compreenderem isso.

O desejo também é primo do desprendimento, aquele que não tem mais nenhum desejo não tem mais nenhum apego.

Isto não vos é pedido de jeito nenhum na vossa existência!

Pelo contrario, é vos pedido para se servirem do trampolim do desejo para ascederem a níveis de consciência muito superiores. Para vocês o desejo é um ascensor, se compreenderem bem o que vos pode dar.

Na vossa sociedade atual, um Ser sem desejo é um Ser que se deixa manipular facilmente e que não tem nenhuma coesão. Não sejam nunca esse Ser! No entanto sabemos que não é assim com vocês.»

Canal : O nosso grande irmão Jesus estava no não-desejo?

« No fim ele estava no não-desejo. No início ele estava na sua missão, e por isso o desejo de levá-la a cabo era-lhe necessário. No entanto o desejo dos Seres realizados que trabalham para este planeta não se pode colocar ao mesmo nível que o desejo dos Seres humanos trabalhando igualmente neste mundo mas de maneira totalmente diferente.

O desejo dos Seres como Jesus, Buda e muitos outros que vieram à Terra essencialmente para trazer a Luz, situa-se realmente em níveis de consciência totalmente diferentes.

Jesus não tinha nenhum desejo material, e até os seus desejos afetivos eram relegados embora ele sentisse Amor pelos seus. Ele trabalhou com os meios que tinha, limitado pelo seu invólucro material. Os seus meios eram no entanto imensos porque tinha reunido a consciência humana e a Consciência Divina, e mesmo muito além. Era a sua Consciência Divina que trabalhava continuamente. A Consciência Divina não precisa mais de desejo, ela cumpre simplesmente a missão sem estado de alma

Canal : Se bem compreendi, o desejo, conforme o nosso plano de consciência, não tem o mesmo sentido!

«Absolutamente! O desejo pode ser o estimulante para aplicar o plano de existência que escolheram. Para Jesus, o desejo era unicamente espiritual (a palavra desejo alias é imprópria).

O que é importante, é fazer bem a diferença entre todos esses níveis de desejo. Vocês já não têm desejos primários, todos os vossos desejos orientaram-se para o vosso próprio avanço. Claro, ainda têm desejos de aperfeiçoamento em relação ao que são, têm o desejo de levar a vossa vida da forma mais harmoniosa possível, têm o desejo de fazer o melhor possível por tudo o que têm para fazer diariamente, mas todos esses desejos são voltados para a Luz; os baixos desejos não existem em vocês, não focalizam mais a vossa existência em relação aos desejos primários, ao dinheiro, aos prazeres sexuais, ao poder, pois tudo isto não faz parte da vossa existência. O vosso desejo de conseguir é só espiritual.»

Canal : Quando os Seres humanos estiverem na quarta dimensão, onde estarão em relação aos desejos?

«O desejo é específico do mundo da matéria, do mundo da densidade de terceira dimensão. Na quarta dimensão, o desejo ainda existirá mas de forma diferente, porque será ainda o motor da ascensão. A partir da quinta dimensão, o único desejo que poderá existir será o do dar graças à Fonte criando continuamente beleza, emanando o Amor e a beleza em permanência. Os desejos estarão aí, mas muito diferentes, insuspeitáveis para vocês!

Não podem pressentir a subtiliza da quinta dimensão, a subtileza dos comportamentos (a palavra comportamento não está adaptada), a subtileza da vida, muito simplesmente. Tudo será diferente, o motor não será mais o mesmo, não haverá mais ego, não precisarão mais de provar nem a vós mesmos nem aos outros porque poderão ler em todos os vossos irmãos como um livro aberto e eles poderão fazer o mesmo com vocês; não haverá mais nada a esconder, mais nada a desejar, o único desejo que poderá ficar será o desejo de servir a Deus, o desejo de desabrocharem cada dia mais neste imenso Amor. Poderá isso chamar-se desejo na linguagem humana?

Na quinta dimensão, até na sexta ou sétima dimensão, não! Os parâmetros são totalmente diferentes porque a vida em si é completamente diferente. É a lei da harmonia e do Amor que se aplica e não a lei do desejo.

Sobretudo não tentem estar no não-desejo, pois separam-se de vós mesmos, cortam-se da experimentação da vida, cortam-se da vossa própria evolução.

Nunca se esqueçam que, a evolução faz-se apenas através de experiências, e para viver as experiências, é preciso ter o desejo. »

Fonte : http://ducielalaterre.org