O corpo humano

Mensagem de abril 2016

O nosso corpo físico sempre foi mal compreendido, e por isso, maltratado em mais de um aspecto. Penso nas religiões fundamentalistas, que consideram que tudo que se relaciona ao corpo físico é pecaminoso, incorreto e degradante. Já outras, que até têm alguma compreensão da espiritualidade além da terceira dimensão, mas que também propaga a ideia de que o corpo é meramente matéria inerte, só ganhando vida devido aos outros corpos que nos constituem, dizendo mesmo que o corpo não possui consciência, logo, não se pode considerá-lo como algo digno.

Por outro lado, temos as pessoas, que de um modo geral se fixam em demasia na estética, na forma como o corpo se apresenta, propiciando a criação dos estereótipos que observamos por aí. Corpo bom é corpo que se atém aos códigos de beleza estabelecidos pela sociedade, é o que pensam. A beleza precede a saúde, e se alguém busca trabalhar o seu corpo, não necessariamente é em busca de vitalidade, mas para disfarçar o trabalho demolidor do tempo.

É muito triste que um veículo de tamanha importância e magnificência, que foi concebido de maneira tão maravilhosa, inteligente e bela possa ser reduzido à aparência que exibe. Lembro-me de um salmo, escrito pelo poeta, rei Davi, em que ele diz: “Elogiar-te-ei porque fui feito maravilhosamente, dum modo atemorizante. Teus trabalhos são maravilhosos, de que minha alma está bem apercebida.” (*) Concordo plenamente com este pensamento, acho muito feliz esta declaração de uma pessoa muito sábia.

Neste ponto, eu me lembro da Terra, de Gaia, deste nosso atual lar, e não posso deixar de fazer uma alusão comparativa entre o nosso corpo físico e o planeta. Este também maravilhoso planeta que tem sido desde sempre considerado falsamente como um local rebaixado, em que só vem para cá aqueles que têm penas a cumprir, carma a pagar, que este lugar é a degradação total. Ignoram a realidade, ao fazerem tais assertivas.

Não sabem, talvez, que os espíritos aqui encarnados o fizeram por livre e espontânea vontade de servir ao Criador Supremo, e que aceitaram se fragmentar, exatamente, para cumprir com esta gloriosa missão, que não é para todos, apenas para os mais corajosos e destemidos, que passaram nos testes da capacidade de materializar e que têm muito amor para compartilhar com todos.

Percebo que atualmente, muitos já estão até conseguindo “pensar fora da caixa” e se dão conta das ilusões em que estamos imersos e que precisamos refletir muito acerca dos ensinamentos tidos e havidos como corretos e definitivos, porque a verdade parece estar sempre vindo à tona, nos atualizando, fazendo com que mudemos de ideia e aceitemos novas perspectivas mais condizentes com a nossa verdadeira natureza.

Não é fácil ir contra a corrente, mas uma pessoa de cada vez, um passo hoje outro amanhã e quando olhamos para trás, vemos que o número de seres pensantes, que estão se dando a oportunidade de ponderar determinados ensinamentos, só tende a aumentar.

Parece que o nosso corpo físico “herdou” de Gaia a tendência a ser maltratado, mal compreendido e caluniado. A nossa parte física é tão sagrada quanto a espiritual. Nosso universo, cheio de galáxias e de criações por nós desconhecidas não é de modo algum superior ao nosso corpo, este fiel servidor, que nos permite ter a experiência de viver em uma dimensão menos elevada e continuar trabalhando com integridade, apesar das distorções criadas a partir do envenenamento produzido pela sociedade de consumo e pelo modo de lidar com a chamada “doença”, que tem desvirtuado o sublime mecanismo do nosso corpo, anulando sua capacidade de regeneração por meios químicos, muitas vezes desnecessários. E mesmo assim, não perdemos a nossa capacidade de ser criaturas maravilhosas, cheias de mistérios e sabedoria, e este nosso corpo, mesmo que tratado erroneamente, ainda é capaz de se regenerar, assim como Gaia, que consegue se revitalizar após ter sido vitimada por catástrofes aparentemente além de recuperação.

Que possamos considerar os nossos corpos (físico, emocional, mental e etérico) com toda a dignidade que eles merecem, porque fomos feitos realmente de uma maneira assombrosa e não podemos nos deixar levar por falsos conceitos relativos ao que é bom/mau, bonito/feio, merecedor/indigno… e assim fazermos julgamentos que nada têm a ver com a verdade em que estamos inseridos em termos universais. O nosso universo interior é sagrado, o nosso corpo físico cumpre a sua missão de nos ancorar em

Gaia e permitir que possamos realizar aquilo que vimos fazer ao nos encarnar aqui.

Precisamos fazer um esforço para não nos deixarmos levar pelas teorias, pelos modismos, pela sociedade tão abstrata quanto enganosa, pelo pensamento da maioria alienada… e buscarmos a nossa verdade intrínseca, independentemente do lugar em que vivemos, ou das pessoas que nos cercam. Temos que ser quem somos e não permitir que nada nem ninguém nos desvie do caminho que escolhemos, ao nos candidatar para ser um posto avançado do divino, aqui nesta Terra abençoada, com este corpo esplêndido.

Que continuemos a honrar o nosso corpo, que continuemos a honrar Gaia, que prossegue em direção ao seu lugar de direito, que lhe foi reservado desde os tempos de longa duração.

Autor: Ivete Adavaí Brito – Fonte: www.adavai.wordpress.com