Sua alma não joga o jogo

Mensagem de 16 de Julho de 2019

Um bom advogado é aquele que defende seu cliente, independentemente de sua inocência ou culpa. Aqui nos EUA, é direito do cliente ter um julgamento rápido e justo. A mente humana é como o seu advogado.

Um advogado irá usar de todos os argumentos possíveis para construir seu caso, mesmo que em seu coração ele saiba que seu cliente está totalmente errado. O advogado irá argumentar que não existia outro recurso para seu cliente. Ele não tinha nenhuma outra opção disponível. Não havia nada mais que ele poderia ter feito.

Anos atrás, uma amiga minha estava em um relacionamento abusivo. Durante muitos anos ela me falou sobre sua frustração, e ela esperava por uma herança que ela receberia para que pudesse reivindicar sua liberdade.

Quando ela finalmente recebeu, ela acabou ficando com seu companheiro, e lhe dando a maior parte da herança. Embora sofresse abusos, ela sentia um pouco mais segura do mundo, e ele a convenceu de que ele a protegeria.

Ela claramente não estava pronta para reivindicar sua liberdade. Todos nós já não fizemos isso em maior ou menor grau? Doar nosso poder, nossas energias por alguém ou alguma coisa que não tinha a melhor intenção em seu coração?  E a base de nossa decisão geralmente é o medo. A vontade de ser protegido.

E então continuamos a jogar o papel de vítima.

Então de volta à nossa história do advogado. Qualquer advogado que se prese, irá tentar retratar seu cliente como uma vítima. Ele não tem escolha, diz o advogado. Meu cliente é a vítima de (preencha o espaço em branco).

Os argumentos finais do advogado fecham o caso. O júri é simpático ao réu. Ele ganha o caso.

A vitória vazia

Mas é uma vitória vazia. O cliente pode ter vencido o caso, mas ele acaba perdendo sua liberdade. Ele sabe em seu coração que se ele precisa de um advogado para lutar por sua verdade, essa verdade é suspeita. A verdade não precisa ser defendida, precisa?

Ele acaba com algum dinheiro em seu bolso, mas ele sai desse caso com mais nada. Sem alegria. Sem paixão. Apenas um pouco mais de segurança.

A mente humana está constante e teimosamente se defendendo. Ela argumenta por suas próprias limitações. Apresenta evidências, sob a forma de “realidade” dura e fria, que provam, sem sombra de dúvidas, que está certa.

Não se pode argumentar com a realidade, certo?

O médico disse que é incurável. A única opção é cirurgia. Ou então conviver com isso. Não existe opção a não ser trabalhar em um trabalho sem alegria. Todo mundo faz isso. Em que podemos confiar, senão nos velhos modos? A vida é para ser difícil. Nada vem fácil. Temos que sofrer. Não devemos sentir muita alegria. Vamos nos destacar demais. Não temos escolha a não ser responder à vida. Não temos voz em como nos sentimos sobre qualquer coisa. É o que é. “

 

O júri, a propósito, é a consciência de massa. A mente está profundamente envolvida nessa consciência. Compreensivelmente, é claro. É tudo que ela sabe ser verdade.

Nossa alma não joga o jogo

Nossa Alma não tem nenhum interesse em argumentar com a mente. Ela não vai jogar esse jogo. Ela não precisa fazer um caso para provar que é capaz e confiável. Ela não pode fornecer provas concretas de que é seguro para a mente confiar nela. No entanto, as evidências estão ao nosso redor.

Mas a mente quer essas evidências concretas em sua própria vida, antes de confiar na alma. Até lá, ele não vai largar o controle. Na verdade, o fato de que a mente afirma que não “vê” as evidências, acaba a deixando mais tempo na cadeira de capitão.

Alguma vez você já tentou convencer alguém de que a solução para o problema dele já está disponível para ele no momento? Você consegue ver, sentir e provar essa solução. Você já a usou para você mesmo, e sabe que funciona. E não exige nenhuma dor ou sacrifício. Mas a pessoa continua argumentando que não é possível.

Depois de muita argumentação, você percebe que a pessoa não está aberta para mudar sua situação, pelo menos por enquanto. Você entende isso, pois você mesmo já esteve nesse lugar, ou até mesmo ainda está nessa situação de outras formas em sua vida.

Então você percebe que argumentar com essa pessoa, ou fazê-la ver seu ponto de vista é apenas perda de tempo. Você começa a ver que existe um jogo sendo jogado, drenando energia.

Esse cenário é o mesmo que acontece com o coração humano pedindo à mente que deixe o controle. O coração quer seguir a alegria, e quer confiar em sua alma. Ele sente sua alma. Ele sabe que é real. Na verdade, ele sabe que é mais real do que a chamada realidade lógica do dia-a-dia.

O coração não precisa de evidência. Ele simplesmente sabe.

Mas diferente da mente, o coração vai tentando convencer a mente de que é seguro confiar na alma. O coração e a mente estão em batalha por tanto tempo. Mas o coração também está esgotado. Ele está cansado de tentar se defender e a defender a alma. Ele percebe que é uma batalha perdida.

E isto é porque a Mente parece inventada. Esta é uma expressão com duplo sentido não é mesmo? “Minha cabeça já está feita (my mind is made up)”.

É sim, em mais de um jeito.

A mente é feita por nós mesmos. Seu propósito original era apoiar o coração e a alma, mas por razões compreensíveis, tornou-se a identidade. Começou falando por nosso coração e nossa alma. Determinou o que devemos e não devemos fazer. Como devemos nos sentir. E teve o consenso do resto da humanidade para apoiá-la.

É o que todo mundo faz.

Mas, como nossas mães e pais costumavam dizer: “Se todos os seus amigos pularem da ponte, você também pularia?”

A Mente está decidida a manter o status quo. Não pareça muito louco. Não se desvie da fórmula. Mesmo que isso signifique sacrificar qualquer senso de alegria.

Se você olhar para o mundo, perceberá que nem todos estão prontos para a liberdade. A liberdade exige uma enorme quantidade de responsabilidade pessoal. Mas não o antigo tipo de responsabilidade 3D. A responsabilidade repousa no coração e na alma.

Não na Mente.

Muitos de nós estão reconhecendo que permitimos que a mente aja como louca com nosso coração e nossa alma. A mente sempre quer fazer e conquistar para provar seu valor. E percebemos que é hora de parar de nos entregar à mente enquanto ela se defende. (Não existe um ditado que diz que uma pessoa que se representa no tribunal tem um tolo como cliente). É hora de parar de argumentar com a mente.

É muito simples. É reconhecer as emoções pelo que elas são. Linhas de defesa para uma vitória vazia. E então, desse modo, nosso coração presta um serviço à mente. Porque a mente está exausta também. Ela não consegue entender a vida. Ela não consegue entender a ascensão. Não é projetada para isso. Ela quer alívio.

Então nossa alma e nosso coração trabalham juntos para dar alívio à mente. Não por satisfazê-la, não por permitir que ela se nutra de nós com todas as emoções, mas estando consciente de quem toma as decisões de nossa vida. É o advogado inteligente que se orgulha de ganhar todos os casos, mesmo que seja sempre uma vitória vazia? Ou é a nossa alma, que já é livre?

Fonte: https://soulsoothinsounds.wordpress.com — Juliana Pena Vogel e Marco Iorio Júnior — Tradutora e Editor exclusivos do Trabalhadores da Luz