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06/07/2021
Mensagem de 30 de Junho de 2021
“Vencer a guerra das palavras dentro de sua alma significa aprender a desafiar o seu crítico interno.” — Steven Furtick
Todos temos aquela voz em nossa cabeça, que é sempre negativa a nosso respeito. Nossa voz interna. Nosso crítico interno.
Aquela que diz que não somos bons, espertos, ou atraentes o suficiente. Aquela voz que continuamente nos compara às outras pessoas, então nos sentimos carentes e inferiores. Às vezes a voz é nossa. Outras vezes e, para algumas pessoas, talvez aqueles de nós que não se sentiram amados ou apreciados por uma pessoa importante em nossas vidas, a voz pertence a elas.
Então, há ocasiões onde aquele crítico interno toma a voz de múltiplas pessoas. Um pai, um ex que nos abandonou, um chefe abusivo, por exemplo. Pode ser uma festa em nossa cabeça e nem sempre uma festa boa. Durante um tempo, a voz em minha cabeça pertenceu à minha mãe.
Isso se tornou mais frequente depois que ela faleceu. E muito mais persistente. Os melhores momentos para ela conversar comigo sempre foram durante minhas rotinas matinais e ao final da tarde.
Por que? Eu ainda não descobri isso. Talvez fosse porque, durante aqueles períodos, especialmente com o meu ritual matinal, eu estava me preparando para apresentar o meu melhor lado para o mundo, me maquiando e arrumando o cabelo. Que melhor momento para ser crítica, não?
De manhã, conforme eu me preparava para o dia, eu ouvia como a rotina de cuidados com a pela não importava, que eu iria envelhecer de qualquer maneira e parecer velha. A maquiagem que eu usava não me fazia parecer melhor. As afirmações que eu escrevia no espelho do banheiro eram estúpidas e sem utilidade.
Qualquer coisa que eu fizesse para me sentir melhor e mais saudável não importavam. Eu nunca poderia mudar e nunca poderia me melhorar. Independente do quanto eu tentasse, ou de quanto esforço eu colocasse, eu nunca seria boa o suficiente. Nunca o suficiente, ponto.
Às vezes, eu penso que havia um ciúme subjacente. Talvez porque eu quisesse melhorar minha vida, que eu quisesse muito mais da vida. Mais do que ela queria para si mesma e para mim.
Quando ela estava viva, eu definitivamente sentia que era por isso que ela encontrava tantas falhas em mim e apontava todas as minhas deficiências. Fazia sentido, então, que qualquer pensamento crítico que eu tivesse a meu respeito pudesse ser tão facilmente transferido para a imagem dela e sua voz.
Eu posso compreender estes sentimentos e ver porque os sentimentos dela vinham daquela maneira. Os medos a impediram de se tornar mais, de querer mais. E possivelmente, aqueles medos eram meus também, mas agora sendo ouvidos através da voz dela. Medos de nunca me tornar o que eu desejo ser, ou de nunca ser suficiente.
Às vezes é mais fácil lidar com nossos pensamentos negativos se tornarmos outra pessoa responsável por eles. Ter outra pessoa para ser dona deles. Isso tira o peso de mim de mudar meu pensamento, se eu puder dizer a mim mesma que esses pensamentos negativos estão vindo da minha mãe.
Por muito tempo, durante aquelas conversas matinais e de tarde, eu argumentava de volta. Eu me tornei muito defensiva. E eu sentia como se tudo o que eu estivesse fazendo fosse inútil e sem valor. Durante aqueles momentos eu sentia como se ela estivesse certa. Que o meu crítico interno estava certo.
Então um dia eu fiquei quieta. Talvez eu estivesse exausta daquele diálogo diário. Eu não sei. Mas eu fiquei quieta. Eu apenas decidi deixá-la falar sem reagir ao que ela dizia. Sem discussões. Eu apenas sorria, um sorriso gentil, despreocupado e continuava com minha rotina.
Eu deixei tudo o que estava sendo dito se acomodar no espaço ao nosso redor. Eu escutava, mas não deixava aquilo entrar.
Minha intenção agora era observar. Eu não estava menosprezando os sentimentos dela ao ignorá-la, eu simplesmente observava e a deixava falar, dando à sua voz o espaço de falar e ser ouvida. Periodicamente, eu respondia com algo do tipo, “Sim, eu posso ver porque você pensa isso.”
Durante um tempo, isto se tornou o estilo de nossas conversas regulares. O novo diálogo que a voz em minha cabeça estava falando. As observações negativas, maliciosas e as críticas, todas trazendo um sorriso quieto e despreocupado, sem respostas negativas de minha parte.
Em pouco tempo, mudou novamente. Minha mãe na minha cabeça, ao invés de me castigar por desperdiçar meus esforços, tornou-se inquisitiva. A voz começou a fazer observações positivas a respeito dos produtos que eu usava e as afirmações que eu escrevia no espelho. Ela ficou curiosa. Aquela voz começou a pedir por questões positivas, empoderadoras. Perguntas que agora estavam do meu lado – comigo, não contra mim.
É bem possível que a razão de minha voz interna, meu crítico interno, tenha tomado a voz da minha mãe, é que eu ainda quero muito a aprovação dela que senti que nunca recebi enquanto ela estava viva. Eu nunca vou conseguir isso agora que ela se foi e isso é algo que tenho que aceitar. Mas pode ser outra forma que eu possa talvez sentir como se eu conseguisse, mesmo que apenas um pouco.
Talvez seja como posso obter a aprovação de mim mesma que eu esteja procurando também. A crença de que estou de fato me tornando a pessoa que quero ser. De que eu sou de fato suficiente.
Eu me lembro deste ditado, “Não podemos controlar como as outras pessoas agem; só podemos controlar nossa própria reação.”
Claro, esta voz interna é minha, talvez soe como alguém que eu conheça. E alguém poderia pensar que podemos controlar nossas vozes internas. Mas se fosse tão fácil assim, ninguém jamais lutaria com autodúvida e às vezes, com odiar a si mesmo.
Aprender a controlar aquela voz interna é como controlar uma criança birrenta de dois anos. Eventualmente possível, mas requer um esforço hercúleo!
O método que está atualmente funcionando para mim é deixar aquela voz falar. Encontrá-la com um sorriso gentil e deixá-la fluir ao meu redor, sem que ela pouse em mim. Ser observadora, mas despreocupada.
Vez após vez, o quanto for preciso. Porque logo aquela voz interna vai ficar curiosa sobre o que está acontecendo comigo, o que está servindo para mim, o que é que está me trazendo tanta paz.
Talvez o mesmo seja verdade para você. Talvez ao invés de tentar fazer seu crítico interno ir embora, você apenas precisa deixá-lo existir. Quando você observa seus pensamentos autocríticos sem lutar ou se apegar a eles, você tira um pouco do poder deles. E talvez à medida que você pegue seu poder de volta, sua voz interna irá lentamente se transformar em algo mais suave, mais gentil e do seu lado, porque ela pode finalmente ver que é um bom lugar para estar.
Deborah Lounsberry — Fonte: https://tinybuddha.com/
Roseli Giusti Zahm e Marco Iorio Júnior — Tradutora e Editor exclusivos do Trabalhadores da Luz